Quase
Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase. É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi. Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou. Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por causa desta maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos braços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são.
Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si...
Não é que a fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitoria é desperdiçar a oportunidade de merecer. Pros erros há perdão; pros fracassos vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixes que a saudade te sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfia do destino e acredita em ti...
Gasta mais horas a realizar do que a sonhar, planejando, a viver que a esperar porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu...
Desilusão!
Sabes aqueles momentos em que sentimos uma dor fina, lá dentro do peito, dor essa que nem se sabe como é, como vem, e tira a impressão de que tava tudo bem...
Dá vontade de gritar aos quatro ventos numa voz bem alta, como se fosse sair um monstro de dentro de mim, a sensação de alguma coisa sem precedentes.
Como se viesse um desejo de chorar e chorar, e nem saber a hora de parar, somente induzir para dentro de mim, o que pra fora nem vai-se notar...
Como mudança de rumo, e remando para o deserto quente e seco da minha sensação de estar perto do nada, mas longe de ti, um amor renegado, pensamento elevado...
Sentimento com sonhos desmoronados e castelos de areia engolidos pelas ondas, sentimento de perda e dor, sabor do castigo, sentido sem amor.
Seria como se espremesse o peito e lançasse longe a alegria, sentido de vida vazia, sorriso sem graça, sabor de rejeição, coração na contra mão.
Não!... mesmo que se tenha ideia do que é sofrer, mas ferida que se abre sem ferir dói, mas sem o sangue a sair...
Sofrer assim não é justo, se foi um susto, nem custo da dor ou esperança do amor, dor essa que é fina no peito e desafina o embalo do coração e da emoção...
Pois, como perfume de amor e flor, e despedida sem odor, se faz sofrido o rosto, com a expressão que dispensa conação.
Sim, com amor é fácil lidar, mas os sentimentos á parte que sem ressentimentos, se faz uma parte dessa dor, que á outra se veio juntar, selando a desculpa da lágrima rolar.
Como saber que é hora de parar, sanar uma coisa dessas só com alguém que viveu tal sentimento, e sobreviveu pra contar, ou correu o risco e saiu da beira do abismo...
Juro que se for para sentir esta dor, sem ter o que sentir, não fico mais em cima desse muro, cede-me a tua luz, e tira-me desta escuridão..
Os vestígios da esperança que molham o meu olhar, se faz forte, e não sei como me vai a sorte sair assim, sem os riscos da morte a rondarem-me...
Dor fina e vazia faz sofrer, mas sem que se entenda o que a dor te trará será sofrer duas vezes, uma por sofrer e outra sem saber...
Seria uma troca justa, a troca da discórdia pela vaga soma da nossa misericórdia, se me decifrasse essa dor..
E chegando sempre pela metade e tomando o lugar da felicidade, esta dor agarra-me sem piedade, comi é triste sofrer e ver padecer num sentido sem fim...
Não dá para dizer não, esta dor que vai secando o meu coração, faz viver um momento sem razão, leva com ela uma paz que seria a única emoção, essa dor chama-se, Desilusão!
!PERDIDA NA NOITE!