Oscilação Momentânea
Foi-se tudo... Os dias aprazíveis e do sol os raios,
Ficou apenas a solidão reinando no meu espaço...
Daí a minha tristeza e desvarios,
Que expurgam totalmente a minha felicidade!
Nada lamentaria se estivesses presente,
Aquecendo os meus momentos com ternuras...
Mas sempre estás ausente,
E prevalece a visão acinzentada das nossas ruas!
Quedo-me mais uma vez pensativa,
Do mundo em parte esquecido,
E nada aquece a minha vivência!
Desesperada convivo com o atual momento,
Sentindo-me distanciada de entretenimento,
Cercada de dúvidas, sem evidências!
Jairo Nunes Bezerra
Chegou a hora
Com os olhos fechados
Caminhando pela escuridão
Percebendo as lágrimas escorrerem por seu rosto
Sem motivos
Elas caem como a chuva
E mesmo assim não encontrando uma explicação para elas
Mas, continuo andando
Apenas andando
Com os olhos fechados
Sem idéias
Sem entender
Com a caneta escorrendo de meus dedos
Com idéias deturpadas
Com vários papeis amassados
Mas, ainda com os olhos fechados
Ainda com idéias pendentes
Mas, ainda sem minha caneta
Ainda sem minhas idéias
Ainda com lágrimas inexplicadas
Ainda sem conseguir falar
Quem sabe seja a hora
Hora de Ele voltar
Mas, voltar definitivamente!
Pablo S Rosa
Desencontrada
Hoje me vejo como se uma pequena ave que sem direção se vê...
Voando sobre os dias mais sombrios e noites escurar e silenciosas...
Voando sem rumo, sem destino, sem direção...
Pousando sobre um galho em meia noite, fixa o olhar em vários pontos...
Sozinha no meio do nada, vêm-me as incertezas a ideia...
Mas afinal o mundo não deveria ser um mundo melhor onde se pode-se viver em paz?
O que é que eu estou aqui a fazer?
Decepções e mais decepções
É como se me estivessem a torturar
A minha alma, que chora sem se acalmar
Por momentos, assim como num pequeno apside só dá vontade de sair
Partir sem nada, sem ninguém
Desaparecer preciso, sumir como se nunca tivesse existido é necessário..
Asim como a morte abafa qualquer tipo de problemas, sentimentos, desorientações
Também eu queria que o inserto da vida numa noite escura me levasse
O grito de uma alma que de negro se tem vindo a vestir, com sangue a ferver e vontade e fazer mal...
Matar esses seres de que nada nos servem, de que magoas nos enchem
Seres que nem num abismo se poderiam reter,
Hora se vê um sorriso que por instantes meigo e puro parece
Como de repente as vestes do diabo veste, e sem olhar com um pingo de dó tudo destrói
Maldito sejas tu que em meias verdades, meias mentiras brincas com vidas
Nunca pensando que um dia, és tu quem vai ser engolido pelas chamas do inferno, queimar até que te derretas por completo...
E eu.. Eu como um pássaro negro que a amargura trás no peito, te pico, te piso e te mato, como se nada fosses...
Desejos de um olhar sangrento que no coração ódio trás aos seus semelhantes
só desejo que um dia caias, mas que caias sem um único toque que te ampare
Que sofras nas garras de teus antepassados todos os males que causaste
Sem dó nem piedade...
Mereces morrer, mereces derreter como se um espeço monte de sangue saísse de um corpo todo esquartejado...
Com esta solidão, vontade de matar, lá me vou sem uma unica alma atacar...
Sem romo na vida, me quero perder...
Quero que sem os olhos me enxergou de mim se lembre e para quem não enxergou que nunca saiba da minha existência...
Sozinha sem um único ser a acompanhar-me parto, parto sou eu e esta dor que insiste em me deixar só, deprimida, sem orientação e vontade de me perder num abismo onde nada se possa mover...
Morrer ou sobreviver, não sei..
Conforme a vontade, do daqui a bocado ou do amanha...
Perdida na Noite
Deixa-me
Corta, mas não deixes esperança...
Pisa, mas pisa bem para que eu não me volte a levantar...
Apunhala-me, mas faz bem até que consigas a minha morte...
Deita-me aos lobos, mas deita na queles bem agressivos...
Bate-me, mas bate ao ponto de já mais me levantar...
Prende-me, prende em algum lugar bem reforçado para que eu jamais possa sair...
Brinca com o meu coração, goza bem esse momento...
Maltrata-me, mas não deixes forças a pairar...
Ignora o meu lamentar, o meu sofrer, e vai para bem longe...
PORQUE...
Porque te juro que se não fizeres tudo isso bem feito, sou eu quem te vai espetar na cruz da dor
Sou eu quem te vai matar, sem dó nem piedade sem sequer me preocupar com a tua dor...
Se não fizeres tudo isso bem feito, não me vais estar a matar ou a torturar
Vais estar a criar um animal feroz que quando sair já mais coração terá...
E ai eu não vou mais ter pena de ninguém, nem maus feitores nem inocentes...
Por isso faz bem o que mais gostas de fazer..
Mas não me deixes sobreviver ou iras-te arrepender!
Perdida na Noite
No silêncio do meu caminhar
Tudo é silêncio na noite do tempo
Onde procuro respostas para perguntas
Que nem eu mesma sei quais são.
Não quero saber qual será o fim
Porque nem sei coo aconteceu o inicio
Se é que houve um começo.
Ando devagar pela estrada à minha frente
E não tenho pressa de chegar
Pois não sei onde meus passos me levam.
Quero viver na solidão
Que me tira os seus olhos
E descansar-me na esperança
De encontrar o seu sorriso só mais uma vez.
Tudo é deserto por onde ando
E sinto na pele o sol escaldante
De uma tarde de verão.
Saber que você existe
Causa em mim uma angústia
De não poder estar junto à fonte da alegria.
Seus olhos tão meigos
Sempre estavam ali sozinhos
Como um convite ao amor.
Prossigo no silêncio do meu caminhar
E ouço a sua voz ao longe
E ouço também a sua risada
E sei que está feliz.
Meu coração bate mais forte
Quer te encontre e não sabe como será
E eu para de caminhar
Quero descansar de tudo isso.
Mas, em meus olhos já não há lágrimas
Para que as deixem cair.
Não há uma sombra sequer para recostar-me
E meus pés estão cansados.
Olho para o horizonte
Não sei se consigo chegar
No lugar de onde sai.
No silêncio do meu caminhar
As perguntas continuam sem respostas.
Odair
Carma
Será mesmo um carma de quem ama viver este drama?
Será uma especificidade do amor a contradição?
Esta alegria forjada,
Noutrora cansada,
Pesares e euforias rasgando o peito,
Competindo o mesmo espaço num coração.
Conceitos afrontados daquele que diz "Isto não aceito ou não faço"
Já se vendo arrastado pelo orgulho ferido.
A paixão é o perigo.
O medo de perder ou se perder.
O medo de sonhar e se acabar,
A paixão não tem razão.
Pode andar sem pés no chão,
Pode cegar-te o entendimento
E profundar-te em sofrimento.
Segue assim calada,
Torturando o ego,
Sorrateira, surda e cega.
...de repente abalada,
Exaurida,
Achacada...um espectro,
De repente um nada.
O humor absoleto,
Os quereres em duetos
Os suores em sonetos,
Utopicamente, a rimar felicidades...
Escassez
Onde estão eles? Humanos?
Suas mãos estão cheias de danos,
Seus pés vacilam na sorte,
Desejando o mal do amigo,
Do parente,
Do vizinho,
Do estranho,
Vão sozinhos
Desejando a todos a morte.
Quer gentilezas mas não sabem onde encontrar,
Porque o mundo fez-se escassa a caridade,
A bondade,
A amizade.
Fez-se escassa a verdade
Com a politica devassa
Que leciona à sociedade
pregando o dom de transpassear.
Assim se cresce,
Assim se sobe,
Assim se vence,
Assim se mata.
Onde estão eles? Princípios Cristãos?
Onde o amor é a matriz.
Fez-se de Judas, o seguidor,
No traidor pôs-se a raiz.
Onde encontrar?
Um bom concelho,
Um bom amigo,
Um vinho doce,
Um amor benigno
Um bom dia, boa tarde ou boa noite?
Onde?
A tolerância
A maresia,
A benevolência
A alegria
A amizade, desinteressadamente, inocente?
A língua infame,
Um velho sábio no chão sangrando,
E quem se interessa?
Se todos se apressam
Na busca perene das posses mundanas.
E nessa pressa
Vão se perdendo,
Não há promessas
De dias amenos,
E quem se interessa?
E quem vê ao menos?
O tempo é dinheiro
E o dinheiro é o veneno.
Estou cansada, e pesa-me nos ombros a raiva de me permitir fazê-lo..
Sou humana, mas não deveria sê-lo, seria mais fácil ter uma pedra no peito do que um coração carniceiro!
Assim não levaria nas costas o fardo dos meus entes queridos, não me mataria ao ver quem amo ferido...
Não me afogaria ao ver o fim do mundo tão próximo.
Assim não daria o gosto do mal estar ao estranho, e nem teria estas rugas danando cabe do meu rosto; não me importaria de partir, errar, desistir...perder ou ganhar.
Estou cansada da ânsia da busca constante, de acordo entremeio sonhos pequenos e gigantes, tentando convencer-me de que sou apenas uma viajante.
Melhor recostar minhas penas na poltrona do descaso.
Quem me dera poder desatar os nós e pensar em mim; sorrir para mim, bocejar e simplesmente dormir...
Perdida na Noite
Cala-te
Não me digas o que devo dizer...
O que digo é para tu entenderes que tudo o que disse, eu não digo..
E não disse o que quero dizer...
O que penso está no meu pensamento, e não penses que é o que tu pensas..
Penso agora o que não pensei noutro momento,
E sei que pensas que são teus os meus sentimentos...
Falas como eu sei que falas. apara todos os teus amigos falas...
E falas que falo eu!
Falas por mim o que não falo de ti.
E falas de mim o que dizem que falas?
Por que não te calas?
Pensas
Me dá pena reconhecer os restos do que já passou;
É coisa triste quando o peito insiste em guardar rancor.
Me dá pena ver o amor, de belo em feio, se transformar, sentir tanta mágoa, que não há palavras para nominar.
A pena lacera quando o fogo queima sua fotografia;
O nosso beijo sangra num momento, homérico, de nostalgia.
A dor trespassa nas cartas rasgadas que me dedicaste;
Lembranças vastas de tantas promessas que me suplicastes;
Me dá pena tentar esquecer o que não se esquece;
Linda morena de alma daninha que me mata e cresce...
Poemas e versos
Eu queria um abraço
Eu moro neste quarto escuro
De muros tão altos que a luz não me toca,
A luz me provoca quando se mostra numa fresta da mente insana,
Pobre demente que sou,
Cuspindo arrogância pra me defender.
Mas eu queria mesmo era um abraço.
Ah! um abraço e meus braços se quebrariam,
Deixando cais a faca para cegar a lima,
Quem sabe um riso na face,
Depois de tatuar a amargura na rima;
Quem sabe a ternura
depois da loucura me habitar a alma aloprada.
Depois da cara no chão,
Quem sabe uma nova paixão.
Ah! Eu queria um abraço,
Feito um atalho que é desvio pra quem anda triste,
Um arrepio pra quem foge do ateio de todo mal que existe;
Feito um bicho que foge do fogo
Pra se acalentar no seio materno.
Mas meu quarto é escuro,
Não tem fogo, nem seio, nem luz e nem braços,
Não tem braços para me libertar,
Não tem alegrias,
mas tem o mormaço
E tem gente fria pra me incomodar.
Minha morada é sombra escondida,
Não tem hora certa para me torturar,
Eu sou bicho arisca, pareço um cangaço,
Eu quero um abraço para aliviar.
meu quarto é escuro,
A luz não me toca,
A luz me provoca.
Mas eu queria mesmo era um abraço.
Espectro
Já não pertenço a nenhum lugar.
Não sou daqui, nem de acolá,
Por onde vim não vou voltar.
Sonho em ser eu,
Não sei me ser,
Saber quem sou,
Não sei saber.
Fui semeando os meus passos entre os povos,
fui me deixando em ruas que morei,
Fui me perdendo conforme ia me doando,
Não me vi despedaçada
Nas esquinas que dobrei.
Sou espectro!
Os meus fantasmas me assombram com pavor,
O meu espelho me reflete um perdedor,
Não sou daqui,
E nem do ódio e nem do amor.
Sou do vazio, sou o plágio, a objeção.
Eu sou vagante desde memórias milenares,
Sou itinerante,
De pouco nascida, de muito vivida,
Mas sempre errante entre tantos altares.
Talvez exista uma crença que justifique este erro:
Minha existência,
Pois desejo morrer desde então.
Talvez eu ainda queira,
Talvez eu ainda viva, quem sabe, uma vida inteira.
Quem sabe me há pouca vida.
Talvez eu ainda suma,
Ou ainda assuma meus erros para ser perdoada;
Talvez seja tudo lenda,
E não há futuro,
E não há passado.
E, se a vida for um jogo passageiro,
Talvez eu me arrependa de não me ter extravasado...
Poemas e versos
Entre utopias e verdades
Eu prefiro a solidão,
Ela não mente, não engana, não trai;
Ela se mostra, desengraçada,
Enrustida na ausência que me devora quando a alma está em silêncio.
Eu prefiro a saudade,
Tepidamente nua,
Que me ensina, dolorosamente,
o valor do que se foi, tantas vezes, sem o reconhecimento devido.
Eu prefiro a verdade,
Fatídica,
Por vezes atroz, e até mesmo agressiva;
Com ela posso travar uma guerra justa,
Sem a demagogia dos falsos,
Sem o perigo dos mentirosos,
Longe da alienação das utopias que me lançam ao abismo.
Eu prefiro esta realidade,
de garras felinas
mas de essência, genuinamente, benigna.
!PERDIDA NA NOITE!