Os corvos me coroaram rainha
com o meu alfanje
em meu perpetuo exílio
túmulo de vermes
espírito contrário
lado negativo,
represento o profano,
os espíritos malignos
a destruição da guerra
o vazio da morte,
sou o sol e a noite sem lua,
o véu de cailleach no inverno,
a areia que abraça o deserto
o navio de uma profecia dada a uma vidente,
a besta incarnada no deus pagão,
a ira desbastadora da cólera,
sou concebida em abundância,
sou parte da mentira alheia,
eu sirvo ao legião,
ao ódio do deus pagão,
comandante das terras amaldiçoadas,
as memórias póstumas do ceifador.
Wagner Santos
As tentações são iguais aos corvos pairando sobre nós, observam-nos constantemente para ver se estamos sóbrios e vigilantes, nos resguardando contra o mal; ou se nos estamos a alimentar diariamente com os nossos próprios pensamentos cheios de cobiças, de concupiscências dos olhos e da carne.
Ocasionando lixos, carniças, maus pensamentos que levam a ações, que geram pecados, mortes!
Perdida na Noite
Lembra-te se tu resistires aos apelos das tentações, afugentando os corvos; com certeza, sempre terás a felicidade de Deus para te livrar da má obra, que te tenta desviar do prepósito maior para a tua vida.
Ele é fiel e te legará o devido escape e livramento, desde que contes com a sua cooperação e a sua sabedoria.
Sem santidade, jamais poderemos agradecer ao Senhor, nem muito nem menos, sem essa imprescindível virtude, não poderemos enxergar a Sua face amada no tão almejado encontro na glória.
Servamara
Pequeno baile de corvos:
Presa num corpo humano sinto o meu peito a gritar.
Arranho-me num puro escárnio deixando do meu corpo a alma escapar.
Flui como luz clara em meio as penas negras.
Assim como o coração daquele que de tão amargo jamais amou...
Sinto frio, é como se as garrar de um carrasco me acariciassem.
Tomo o fôlego, abro os meus braços como se fosse voar...
Atiro-me ao ar livre para.... Enfim, para nunca mais chorar.
Abraço os céus, como os corvos bailam sob a luz de um luar..
Talvez o que mais me mate não seja dizer-lhe um adeus.
Mas sim a incerteza de uma vida sem ti...
Talvez a minha fraqueza seja apenas te querer.
Então deste corpo quero fugir para que enfim.. cesse o meu sofrer...
Perdida na Noite
A rainha noite flui como um manto,
cobrindo as montanhas gélidas no norte.
Tudo fica tão frio e deprimente,
enquanto as criaturas da noite esperam
a lua cheia emergir pálida no céu.
Eu vejo uma trilha nas trevas,
e eu posso ver os corvos me guiando.
O meu âmago almeja cada vez mais
o abismo da eternidade.
Eu vagarei pela escuridão seguindo
os vultos alados.
O anoitecer é meu covil. Me sinto
como o lobo negro sobre as velhas colinas.
Sombria noite, mãe dos seres nefastos,
eu serei mais um corvo a vagar em sei reino fúnebre.
Yoman Ceifeiro
The white Buffalo - Come join The Murder
Tem um pássaro negro empoleirado na minha janela
Eu ouço ele chamando...
Eu ouço ele cantar...
Ele me queima com seus olhos flamejantes
Ele vê todos os meus pecados
Ele lê a minha alma
Um dia esse pássaro falou comigo
Como Martin Luther, como Pericles
Venha se juntar aos corvos
Venha voar com a escuridão...
Nós te daremos liberdade
da armadilha humana...
Venha se juntar aos corvos
Planar nas minhas asas
Você tocará a mão de Deus
E ele te tornará Rei.
E ele te tornará Rei.
Sobre uma manta feita de sombras tecidas
Voei ate ao pássaro
No planar de um corvo.
Seus anjos transformaram minhas asas em cera
Eu cai como Judas
Graça negada...
Naquele dia ele mentiu pra mim
Como Martin Luther, como Péricles...
Venha se juntar aos corvos
Venha voar com a escuridão...
Nós te daremos liberdade
da armadilha humana
Venha se juntar aos corvos
Planar nas minhas asas
Você tocará a mão de Deus
E ele te tornará Rei
E ele te tornará Rei...
Eu ando entre os filhos dos meus pais
As asas quebradas, o preço da traição
Eles me chamam, mas nunca tocam meu coração
Eu estou muito longe
Eu estou muito perdido...
Tudo o que consigo ouvir é o que ele me disse
Como Martin Luther como Péricles...
Venha se juntar aos corvos
Venha voar com a escuridão
Nós te daremos liberdade
Da armadilha humana
Venha se juntar aos corvos
Planar nas minhas asas
Você tocara a mão de Deus
E Ele te tornará rei
E Ele te tornará rei...
Então, agora eu amaldiçoo a chama daquele corvo
Você me fez odiar você me fez queimar
Ele ria alto enquanto voava do Éden
Você sempre soube, você nunca aprende...
O corvo não canta mais para mim
Como Martin Luther Ou Péricles...
Venha se juntar aos corvos
Venha voar com a escuridão
Nós te daremos liberdade
Da armadilha humana
Venha se juntar aos corvos
Planar nas minhas asas
Você tocará a mão de Deus
E Ele te tornará rei...
Venha voar com a escuridão
Nós te daremos liberdade
Da armadilha humana
Venha se juntar aos corvos
Planar nas minhas asas
Você tocará a mão de Deus
E Ele te tornará rei...
O Corvo
Era uma vez, á meia-noite sombria,
Enquanto eu ponderava, o cansaço urdia,
Sobre um curioso tomo de erudição esquecida,
eu já sonolento,
a cabeça pendendo,
de súbito alguém veio batendo,
batendo a meus umbrais,
"É algum visitante", murmurei, "batendo a meus umbrais"-
É só isso,
e nada mais
Ah, sim, eu bem me lembro,
isso foi no frio Dezembro
as brasas na sala morrendo, desvanecendo feito fantasmas indo embora,
com avidez desejei clareza,
da manhã em vão quis ver a beleza
e em meus livros cessar a tristeza
-tristeza pela doce Lenora-
Pela rara e radiante donzela que os anjos chamam Lenora
E aqui,
nome não tem mais
E o suave, triste e incerto
farfalhar de cada cortina por perto
preenchia-me com fantásticos terrores outrora sentidos jamais
Assim, ao que meu coração disparado batia
A mim mesmo eu repetia:
"É algum visitante,
que suplica entrada em meus umbrais,
Um visitante tardio, que suplica entrada em meus umbrais"
É isso,
E nada mais
Meu espirito se forteleceu resoluto,
e não hesitei nem mais um minuto,
"Senhor, ou Madame", eu disse, "por favor me desculpe;
mas o fato é que estava eu aqui cochilando,
e tão devagar você foi chegando,
batendo à porta de quando em quando,
tão suave que não tive certeza, de tê-lo ouvido chamar em meus umbrais"
-nesse momento escancarei a porta-
Noite lá fora,
E nada mais.
Às margens de profunda escuridão me espreitando
Por tempo fiquei ali: parado, temendo, duvidando,
sonhando sonhos que mortal algum se atreveu a sonhar outrora
Mas o silêncio seguia inquebrável,
E o breu não dava pista palpável,
Foi a palavra sussurrada: "Lenora"
Isso ei sussurrei, e um eco murmurou de volta: "Lenora!"
Meramente isso
E nada mais
À sala acabei voltando,
toda a alma por dentro queimando,
Logo nova batida ouvi com temor
mais alta que qualquer outra batida anterior
"Certamente", eu disse, "certamente é algo à minha janela;
Deixe-me explorar isso a sério,
e descortinar logo esse mistério-
deixe meu coração ficar tranquilo, acabar com esses ais-
É só o vento
E nada mais!"
Abri a persiana de supetão
quando, com muito alarde e agitação
posou ali um corvo imponente, dos dias santos imemoriais
não fez ele nenhum cumprimento,
não parou ele sequer um momento,
e com nobre semblante e indizível intento,
Empoleirou-se em meus umbrais-
Empoleirou-se sobre o busto de Palas, que há em meus umbrais-
Empoleirou-se, e sentou-se,
e nada mais.
Então, tal ave sedutora e escura
me fez sorrir em meio à amargura
Pelo semblante grave e pomposo como não vi jamais
"Apesar do penacho estar tosquiado",
eu disse, "não parece ele acovardado
Medonho corvo de severo tratado
que vaga pelas orlas infernais-
dizei-me qual é o teu nome, no negrume das orlas infernais!"
Grasnou o corvo:
"Nunca mais"
Fiquei eu muito admirado
Ao ouvir a ave dizendo tão claro,
Apesar da resposta não ter significado, nem nada de mais;
Comigo concordar haverão
que jamais nenhum outro homem são
tenha sido abençoado com a visão
de um pássaro sobre meus umbrais
pássaro ou monstro, sobre a escultura acima de seus umbrais,
Com um nome igual a
"Nunca mais".
Mas o corvo, sentado ali solitário
sobre o plácido busto ordinário
dizendo de toda a alma apenas palavras tais
Nenhum comentário ele teceu
-sequer uma pena ele moveu-
Em pouco mais que um murmúrio assim então disse eu:
"Outros amigos partiram antes-
Assim como minhas esperanças, de manhã também te vais"
Então o pássaro disse:
"Nunca mais"
Assustado na quietude quebrada
por resposta assim tão bem falada
"Não há dúvida", disse eu, "que palavras outras não sabe mais",
Aprendeu de algum dono descontente
a através de desastre inclemente
Até suas canções sepulcrais-
Até as esperanças melancólicas envoltas em lamentações sepulcrais
Do "nunca...
Nunca mais".
Mas, a ave sedutora e escura
continuou me fazendo sorrir em meio à amargura
Tomei assento ao sofá, em frente ao pássaro, ao busto e aos umbrais;
Então, afundando nas almofadas
Coloquei-me a juntar ideias jogadas
Fantasia após fantasia, eu pensava e pensava
O que essa ave agourenta de tempos ancestrais
O que esse tétrico, terrível, medonho e horrível pássaro de tempos ancestrais
Quer dizer com esse grasnar
"Nunca mais"
Assim me empenhei em decifrar
mas sem nenhuma sílaba pronunciar
Para o pássaro que me encarava como o fogo de olhos mortais,
sentado fiquei eu ali matutando
com a cabeça já reclinando
no sofá aveludado e amplo
onde o abajur projetava sombras abissais
Mas nessa almofada aveludada, onde agora eram projetadas sombras abissais
Ela não há de se sentar
ah...nunca mais
Então o ar avolumou-se denso,
perfumado por invisível incenso
balançado por Serafins, cujos passas tilintavam noite afora
"Maldito!", eu gritei, "por Deus foste emprestado
pelos anjos d´Ele enviado
envio esse tardio e embriagado
pelas memórias de Lenora!
Entorne, ah, entorne essa doce embriaguez e esqueça Lenora!"
Disse o corvo:
"Nunca mais".
"Profeta!", eu disse, "coisa do capeta!-
ainda profeta, seja diabo ou somente ave preta!-
Seja demônio da tentação, ou seja tempestade, quem te lançou a esse cais
Desolado, ainda assim impávido-
nesse deserto mundo enfeitiçado-
nesse lar por horrores assombrados-
dizei a verdade, não hesitais-
Existe - existe bálsamo no Paraíso? -responda-me, eu imploro -não hesitais"
Disse o corvo:
"Nunca mais".
"Profeta!", eu disse, "coisa do capeta!-
ainda profeta, seja diabo ou somente ave preta!-
Pelos Céus que se dobram sobre nós - pelo Deus que você também adora-
Diga a essa alma cheia de tristeza lancinante
se agora lá no Éden distante
que os anjos chamam Lenora-
Está a rara e radiante donzela, que os anjos chamam Lenora?"
Disse o corvo:
"Nunca mais".
"Sejam essas palavras nosso sinal de despedida
pássaro ou diabo!", gritei, voz enraivecida-
"Volta agora à tempestade e à noite das orlas infernais!
Não deixe para trás pluma malfadada
a me lembrar desta tua mentira contada!
Deixe aqui minha solidão imaculada!-
Saia do busto sobre meus umbrais!
Tira teu bico do meu coração, e vai-te embora de meus umbrais!"
Disse o corvo:
"Nunca mais".
E o corvo, sem nunca ter voado,
ainda está sentado, ainda está sentado
Sobre o pálido busto de Palas logo acima de meus umbrais;
E seus olhos aparência vão ganhando
e sobre ele uma lâmpada oscilando
lança no quarto suas sombras abissais;
E minha alma, para fora dessas sombras que se lançam abissais
Não se erguerá-
nunca mais!
Edgar Allan Poe
Simbologia do Corvo, O Poderoso Trapaceiro
O corvo, com sua plumagem preta brilhante, grasnar característico e tamanho imponente, impressiona aqueles que cruzam o seu caminho.
A nossa espinha até se poderá arrepiar um bocado de apreensão ao vermos um corvo, que são bastante populares na Eurásia, Canadá e EUA.
Talvez devido ao seu hábito de se alimentar de carniça, esta ave sinistra e voraz tem sido considerada como um presságio de desgraça e devastação.
Encarado como um pássaro do campo de batalha, xamã original e mais sábio, divindade portadora da luz e transportador do fogo, bem como um criador divino e um canal entre os deuses e os humanos, o corvo é um reflexo da natureza imprevisível e ambivalente do cosmos.
Uma das mais antigas e de grande importância é associação do corvo com o sol e a criação, como pode ser visto numa mortalha de seda chinesa da Dinastia Han de 150 a.c. Nela, a alma do sol aparece na figura de um corvo, iluminado por um disco solar de bronze.
Na tribo Tlinglit do Alasca, o corvo é tanto o deus criador, assim como seu filho que roubou o sol.
O deus grego Apolo, uma divindade solar Celta, é identificado às vezes como um deus corvo; e o culto a Mitra da Pérsia tinha o corvo como sagrado para o deus da luz.
Em toda a mitologia nativo americana, o corvo era originalmente um pássaro branco que foi tão gravemente queimado ao trazer do céu a luz e o fogo para a humanidade, que suas penas queimadas tornaram-se negras.
Os corvos são imaginados como mensageiros, guias e agentes oraculares, provavelmente porque eles representam o mercurial e poderoso trapaceiro.
Devido aos seus ávidos e vorazes hábitos alimentares carniceiros, estes pássaros de coloração índigo podem ser associados a doença, morte e ao sinistro submundo.
Mas nem todas as projeções sobre os corvos são negativas.
O folclore relata que os corvos levam o sustento divino em forma de tâmaras e pão para São Paulo, o Eremita, e Santo Antônio, o Abade.
Finalmente, o corvo também surge como um importante símbolo alquímico, ligado à nigredo, ou a primeira etapa da opus alquímica, que é referida como "a cabeça do corvo".
Fonte original:
https://www.facebook.com/media/set/?
Os corvos também se tornaram populares por serem animais de estimação de bruxas e outras criaturas sobrenaturais.
Algumas superstições de que alguns povos acreditam:
Se vires um corvo batendo as suas asas, cuidado: um grande acidente está para acontecer.
Assim como ver um corvo enfrente à tua porta, é sinal de perigo.
O Corvo
Era uma vez, á meia-noite sombria,
Enquanto eu ponderava, o cansaço urdia,
Sobre um curioso tomo de erudição esquecida,
eu já sonolento,
a cabeça pendendo,
de súbito alguém veio batendo,
batendo a meus umbrais,
"É algum visitante", murmurei, "batendo a meus umbrais"-
É só isso,
e nada mais
Ah, sim, eu bem me lembro,
isso foi no frio Dezembro
as brasas na sala morrendo, desvanecendo feito fantasmas indo embora,
com avidez desejei clareza,
da manhã em vão quis ver a beleza
e em meus livros cessar a tristeza
-tristeza pela doce Lenora-
Pela rara e radiante donzela que os anjos chamam Lenora
E aqui,
nome não tem mais
E o suave, triste e incerto
farfalhar de cada cortina por perto
preenchia-me com fantásticos terrores outrora sentidos jamais
Assim, ao que meu coração disparado batia
A mim mesmo eu repetia:
"É algum visitante,
que suplica entrada em meus umbrais,
Um visitante tardio, que suplica entrada em meus umbrais"
É isso,
E nada mais
Meu espirito se forteleceu resoluto,
e não hesitei nem mais um minuto,
"Senhor, ou Madame", eu disse, "por favor me desculpe;
mas o fato é que estava eu aqui cochilando,
e tão devagar você foi chegando,
batendo à porta de quando em quando,
tão suave que não tive certeza, de tê-lo ouvido chamar em meus umbrais"
-nesse momento escancarei a porta-
Noite lá fora,
E nada mais.
Às margens de profunda escuridão me espreitando
Por tempo fiquei ali: parado, temendo, duvidando,
sonhando sonhos que mortal algum se atreveu a sonhar outrora
Mas o silêncio seguia inquebrável,
E o breu não dava pista palpável,
Foi a palavra sussurrada: "Lenora"
Isso ei sussurrei, e um eco murmurou de volta: "Lenora!"
Meramente isso
E nada mais
À sala acabei voltando,
toda a alma por dentro queimando,
Logo nova batida ouvi com temor
mais alta que qualquer outra batida anterior
"Certamente", eu disse, "certamente é algo à minha janela;
Deixe-me explorar isso a sério,
e descortinar logo esse mistério-
deixe meu coração ficar tranquilo, acabar com esses ais-
É só o vento
E nada mais!"
Abri a persiana de supetão
quando, com muito alarde e agitação
posou ali um corvo imponente, dos dias santos imemoriais
não fez ele nenhum cumprimento,
não parou ele sequer um momento,
e com nobre semblante e indizível intento,
Empoleirou-se em meus umbrais-
Empoleirou-se sobre o busto de Palas, que há em meus umbrais-
Empoleirou-se, e sentou-se,
e nada mais.
Então, tal ave sedutora e escura
me fez sorrir em meio à amargura
Pelo semblante grave e pomposo como não vi jamais
"Apesar do penacho estar tosquiado",
eu disse, "não parece ele acovardado
Medonho corvo de severo tratado
que vaga pelas orlas infernais-
dizei-me qual é o teu nome, no negrume das orlas infernais!"
Grasnou o corvo:
"Nunca mais"
Fiquei eu muito admirado
Ao ouvir a ave dizendo tão claro,
Apesar da resposta não ter significado, nem nada de mais;
Comigo concordar haverão
que jamais nenhum outro homem são
tenha sido abençoado com a visão
de um pássaro sobre meus umbrais
pássaro ou monstro, sobre a escultura acima de seus umbrais,
Com um nome igual a
"Nunca mais".
Mas o corvo, sentado ali solitário
sobre o plácido busto ordinário
dizendo de toda a alma apenas palavras tais
Nenhum comentário ele teceu
-sequer uma pena ele moveu-
Em pouco mais que um murmúrio assim então disse eu:
"Outros amigos partiram antes-
Assim como minhas esperanças, de manhã também te vais"
Então o pássaro disse:
"Nunca mais"
Assustado na quietude quebrada
por resposta assim tão bem falada
"Não há dúvida", disse eu, "que palavras outras não sabe mais",
Aprendeu de algum dono descontente
a através de desastre inclemente
Até suas canções sepulcrais-
Até as esperanças melancólicas envoltas em lamentações sepulcrais
Do "nunca...
Nunca mais".
Mas, a ave sedutora e escura
continuou me fazendo sorrir em meio à amargura
Tomei assento ao sofá, em frente ao pássaro, ao busto e aos umbrais;
Então, afundando nas almofadas
Coloquei-me a juntar ideias jogadas
Fantasia após fantasia, eu pensava e pensava
O que essa ave agourenta de tempos ancestrais
O que esse tétrico, terrível, medonho e horrível pássaro de tempos ancestrais
Quer dizer com esse grasnar
"Nunca mais"
Assim me empenhei em decifrar
mas sem nenhuma sílaba pronunciar
Para o pássaro que me encarava como o fogo de olhos mortais,
sentado fiquei eu ali matutando
com a cabeça já reclinando
no sofá aveludado e amplo
onde o abajur projetava sombras abissais
Mas nessa almofada aveludada, onde agora eram projetadas sombras abissais
Ela não há de se sentar
ah...nunca mais
Então o ar avolumou-se denso,
perfumado por invisível incenso
balançado por Serafins, cujos passas tilintavam noite afora
"Maldito!", eu gritei, "por Deus foste emprestado
pelos anjos d´Ele enviado
envio esse tardio e embriagado
pelas memórias de Lenora!
Entorne, ah, entorne essa doce embriaguez e esqueça Lenora!"
Disse o corvo:
"Nunca mais".
"Profeta!", eu disse, "coisa do capeta!-
ainda profeta, seja diabo ou somente ave preta!-
Seja demônio da tentação, ou seja tempestade, quem te lançou a esse cais
Desolado, ainda assim impávido-
nesse deserto mundo enfeitiçado-
nesse lar por horrores assombrados-
dizei a verdade, não hesitais-
Existe - existe bálsamo no Paraíso? -responda-me, eu imploro -não hesitais"
Disse o corvo:
"Nunca mais".
"Profeta!", eu disse, "coisa do capeta!-
ainda profeta, seja diabo ou somente ave preta!-
Pelos Céus que se dobram sobre nós - pelo Deus que você também adora-
Diga a essa alma cheia de tristeza lancinante
se agora lá no Éden distante
que os anjos chamam Lenora-
Está a rara e radiante donzela, que os anjos chamam Lenora?"
Disse o corvo:
"Nunca mais".
"Sejam essas palavras nosso sinal de despedida
pássaro ou diabo!", gritei, voz enraivecida-
"Volta agora à tempestade e à noite das orlas infernais!
Não deixe para trás pluma malfadada
a me lembrar desta tua mentira contada!
Deixe aqui minha solidão imaculada!-
Saia do busto sobre meus umbrais!
Tira teu bico do meu coração, e vai-te embora de meus umbrais!"
Disse o corvo:
"Nunca mais".
E o corvo, sem nunca ter voado,
ainda está sentado, ainda está sentado
Sobre o pálido busto de Palas logo acima de meus umbrais;
E seus olhos aparência vão ganhando
e sobre ele uma lâmpada oscilando
lança no quarto suas sombras abissais;
E minha alma, para fora dessas sombras que se lançam abissais
Não se erguerá-
nunca mais!
Edgar Allan Poe
Simbologia do Corvo, O Poderoso Trapaceiro
O corvo, com sua plumagem preta brilhante, grasnar característico e tamanho imponente, impressiona aqueles que cruzam o seu caminho.
A nossa espinha até se poderá arrepiar um bocado de apreensão ao vermos um corvo, que são bastante populares na Eurásia, Canadá e EUA.
Talvez devido ao seu hábito de se alimentar de carniça, esta ave sinistra e voraz tem sido considerada como um presságio de desgraça e devastação.
Encarado como um pássaro do campo de batalha, xamã original e mais sábio, divindade portadora da luz e transportador do fogo, bem como um criador divino e um canal entre os deuses e os humanos, o corvo é um reflexo da natureza imprevisível e ambivalente do cosmos.
Uma das mais antigas e de grande importância é associação do corvo com o sol e a criação, como pode ser visto numa mortalha de seda chinesa da Dinastia Han de 150 a.c. Nela, a alma do sol aparece na figura de um corvo, iluminado por um disco solar de bronze.
Na tribo Tlinglit do Alasca, o corvo é tanto o deus criador, assim como seu filho que roubou o sol.
O deus grego Apolo, uma divindade solar Celta, é identificado às vezes como um deus corvo; e o culto a Mitra da Pérsia tinha o corvo como sagrado para o deus da luz.
Em toda a mitologia nativo americana, o corvo era originalmente um pássaro branco que foi tão gravemente queimado ao trazer do céu a luz e o fogo para a humanidade, que suas penas queimadas tornaram-se negras.
Os corvos são imaginados como mensageiros, guias e agentes oraculares, provavelmente porque eles representam o mercurial e poderoso trapaceiro.
Devido aos seus ávidos e vorazes hábitos alimentares carniceiros, estes pássaros de coloração índigo podem ser associados a doença, morte e ao sinistro submundo.
Mas nem todas as projeções sobre os corvos são negativas.
O folclore relata que os corvos levam o sustento divino em forma de tâmaras e pão para São Paulo, o Eremita, e Santo Antônio, o Abade.
Finalmente, o corvo também surge como um importante símbolo alquímico, ligado à nigredo, ou a primeira etapa da opus alquímica, que é referida como "a cabeça do corvo".
Fonte original:
https://www.facebook.com/media/set/?
Os corvos também se tornaram populares por serem animais de estimação de bruxas e outras criaturas sobrenaturais.
Algumas superstições de que alguns povos acreditam:
Se vires um corvo batendo as suas asas, cuidado: um grande acidente está para acontecer.
Assim como ver um corvo enfrente à tua porta, é sinal de perigo.
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